Vida de Plástico

Nos dias atuais a ideologia vigente é a da felicidade. Ser feliz é o objetivo comum da grande maioria dos habitantes do planeta. Felicidade é ao mesmo tempo caminho e destino, meio e fim; muitos são os que voluntariamente ou não estão embasando sua existência na tão sonhada e desejada felicidade. As religiões têm usado deste conceito para se propagarem pelo mundo contemporâneo pluralista; judaísmo, budismo, cristianismo, espiritismo, e mais uma dúzia de “ismos” existentes.
O que vem a ser este grande tesouro que tem mobilizado e atraído nações e gerações por tanto tempo?
A televisão vende a felicidade, a internet distorce e democratiza, a religião a manipula,   as pessoas a buscam, e de fato, ninguém a encontra em sua mais pura essência.
          Ninguém a encontra, pois a busca pela felicidade em todos os sentidos neste mundo em que vivemos ainda é concebida a partir de nós, das nossas crenças e da reprodução ideológica que sofrer é para os fracos, sofrer é para os derrotados, sofrer é o atestado de que fomos incapazes de lidar com os desafios da vida. O potencial humano esta colocado a prova, teorias tentam explicar o homem, seus medos, seus comportamentos, suas angustias; inúmeras são as explicações mas nenhuma de fato, conseguiu até hoje responder a altura da pergunta:
        Por que sofrem os homens? Ou por que coisas boas acontecem com pessoas ruins, e coisas ruins com pessoas boas? Por que nada impede que muitas vezes o mal triunfe sobre o bem? Por que os “maus” muitas vezes levam vantagem sobre os “bons”? Será que merecemos as tragédias e o sofrimento desta vida? 
"O casal que perde o filho recém nascido, o adolescente que fica tetraplégico após um displicente mergulho, a mulher que se vê mutilada após um câncer, a enchente que faz muita gente boa perder tudo o que possuem, o terremoto que destrói ainda mais um país que já esta arrasado pela pobreza, o deslizamento de barreira que mata dezenas de pessoas boas."

Não tenho idéia se as pessoas param para refletir sobre estas coisas, mas o fato é que a pós modernidade tem conduzido a grande massa humana a acreditar que o a vida consiste na felicidade, que pode ser definida com a plena realização dos desejos ou a ausência de sofrimento. A partir daí, a relatividade, o hedonismo, o consumismo impulsionado pela mídia tecnológica potencializam o imediatismo, o culto ao “eu”, colocando novamente no centro de tudo o ser humano. Talvez exatamente neste ponto resida o grande paradoxo da contemporaneidade. SER E TER se tornaram a mesma coisa, com predominância do TER que define o SER. 
A cultura “Barbiana” e “Keniana” (discípulas da boneca Barbie e do Ken) nunca tiveram tão adeptos quanto hoje, a estética toma conta da sociedade manipulando nossas mentes frente ao desafio da autenticidade. A vida de plástico é cultuada, a fama, o prazer, o sucesso. A doença agora é a da imagem!

Não se engane, não sou fatalista, mas ninguém escapa disso, bem vindo ao mundo que vai de mal a pior, bem vindo a humanidade que caminha “a passos de formiga e sem vontade” . Por que este problema é mais antigo do que o próprio homem, e talvez ainda perdure por muito tempo...
O mal alimenta o sofrimento, e o mal não esta só fora de nós, está em nós...  precisamos proteger nossa mente, buscamos vida e sentido, chega de mentiras filosóficas, a existência é mais do que o que podemos ver, existe um propósito maior para a vida, só precisamos buscá-lo no lugar certo! 
Deseje uma vida de verdade, ela existe!


Ricardo Chaves

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