Vaidade, consumismo e acomodação — esses foram os principais atributos que os jovens usaram para descrever sua geração no mais recente (2010) dossiê da MTV.
Para aqueles que cresceram confusos pelo relativismo ideológico e bombardeados pela indústria do consumo, o hedonismo e, consequentemente, o vício, são praticamente inevitáveis. Esse vício, porém, não surgiu do nada.
Na inexistência de uma verdade absoluta, a busca por respostas se torna infinita. Inundados por ondas de novas experiências que visam o prazer e as soluções rápidas e superficiais, que parecem nunca saciar nossa sede, ficamos viciados. Viciamo-nos em consumo de produtos, em tecnologia, em mídia, em relacionamentos superficiais, em sexo, drogas e rock’n’roll! Somos uma geração que quer muito e quer agora — só não sabemos exatamente o quê.
Quando nos são oferecidos um cristianismo de consumo, uma indústria cristã de música e mídia, igrejas do dinheiro e das respostas fáceis, olhamos com desprezo dando o mesmo valor que damos ao resto. Ou então aceitamos com facilidade, porque é igual ao resto. Engolimos mais um produto. Nada muda.
Então, como a igreja pode cumprir a missão de amar esta geração e proclamar Jesus? Temos que parar de oferecer um cristianismo barato para uma geração que está cansada de consumismo. Precisamos urgentemente sair do nosso gueto cristão e comunicar a verdade de forma genuína e radical.
Em nossas “igrejas-gueto”, os próprios jovens que precisam ouvir o evangelho se tornam os inimigos que podem infectar nossos membros. Fechamo-nos ao ponto de não termos significado social ou político, criando uma fé irrelevante à vida. O discipulado se tornou uma transmissão de informações cognitivas descontextualizadas. Precisamos de um discipulado genuíno, que não carregue uma “cultura igreja” desnecessária. Um movimento poderoso e relacional que participe da vida dos jovens em todos os níveis.
Algumas pesquisas mostram que hoje mais jovens dizem crer em Deus do que diziam no passado. Porém, o evangelho que tem sido pregado parece afastá-los ainda mais do Criador. Esquecemos que o evangelho não é um sistema de dogmas e muito menos uma cultura cristã. Jesus disse: “Eu sou a verdade”. O evangelho é uma pessoa.
Presenciei resultados explosivos quando alguns jovens tiveram a chance de enxergar além dos preconceitos e ver quem Jesus realmente é. Um dos ministérios do qual faço parte é uma performance que mistura música punk experimental com teatro e efeitos especiais. Por meio de uma encenação dramática da crucificação e ressurreição, presenciamos jovens nas ruas e nas boates se quebrantando ao encontrarem Jesus. Diziam confusos: “Mas geralmente eu não gosto de Jesus!”. De fato, se víssemos o Jesus que eles veem, também não iríamos gostar. Precisamos derrubar os preconceitos, pois o Jesus real é poderoso e ama intensamente esta geração amortecida pelo vício.
O vício leva à morte da paixão. Somos uma geração amortecida pela busca incansável por prazer imediato. Por isso, já não buscamos um propósito na vida. Quando eu e minha esposa abrimos um café para alcançar jovens numa região periférica de Londres, nos assustamos com a perspectiva de vida de muitos deles. “Qual é seu sonho?”, perguntamos certa vez para uma menina de 14 anos. “Sei lá! Ficar grávida pra poder receber dinheiro da previdência social.”
Precisamos devolver-lhes a paixão. Paulo falava de uma paixão tão grande por Cristo que considerava o resto “fezes” e estava disposto a morrer por ele! Atualmente, acho que poucas pessoas estariam dispostas a morrer por algo. Não há remédio melhor para isso do que uma comunidade receptiva e ativa na sociedade, isto é, a Igreja de Cristo engajada na missão que ele nos deu, envolvida na comunidade e recebendo a nova geração de braços abertos. Ali sim o jovem encontrará unidade de propósito, aceitação por ser ele mesmo, enfim, uma identidade genuína. A redescoberta da paixão de ser um agente transformador no mundo irá acordar os amortecidos.
Luke Greenwood
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